quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Cultura de massas ou incompatibilidade com as novas leis do mercado?

Nos anos 80, as inovações tecnológicas conduziram a diferentes condições de produção da música pop e à abertura de mercados até então inalcançáveis: a revolução digital possibilitou a programação de actuações musicais sem a intervenção directa dos artistas, ou seja, qualquer músico com conhecimentos informáticos podia criar e dar a conhecer música pop de forma rápida e barata. Surgiram, assim, centenas de novos grupos pop e de artistas a solo que, após atingirem o êxito, regressavam ao anonimato. Também o aparecimento dos vídeos musicais condicionou a produção da música pop e, consequentemente, as leis do mercado, pois «ocupar um lugar de relevo nas listas de êxitos era impensável sem um videoclip». A pop transformou-se em objecto visual, compositor, arranjador, especialista informático e modelo, que não permitia visionar a qualidade musical.

No decorrer da investigação profunda do mercado musical, surgiram as primeiras “grandes estrelas” do negócio da música pop: Michael Jackson e Madonna. Michael Jackson tornou-se um dos maiores símbolos da música pop a solo, graças ao seu modo acrobático de dançar, ao seu famoso Moonwalk e às suas produções dispendiosas. Madonna foi alvo de escândalos bem lucrativos pela publicidade das suas ousadas alusões sexuais. Também ganhou lucro com a Boy-Toy-Collection, isto é, a venda de jóias, roupa e acessórios relacionados com a artista a nível mundial. Estabeleceu-se, assim, o merchandising – venda de produtos para fãs com receites superiores às das vendas de discos.

Os compositores de vanguarda, fortemente prejudicados pelas novas leis do mercado, debateram-se com o problema de fazer chegar ao público as suas obras: os videoclips, promovendo músicas fáceis, condicionavam formas artísticas mais elaboradas, ligadas à tradição e com uma linguagem conceptual. A situação agravou-se de tal modo que o compositor alemão Wolfgang Rihm apresentou uma exigência ao novo tipo de música: defendeu a popularidade da música, mas não a subordinação completa a tal popularidade, determinada pelos ditames da comunicação social. Nas suas palavras, “é lamentável que a música em directo se substitua por música em suportes sonoros”. Com a sua intervenção, inúmeros compositores recuperaram a tonalidade.

É importante referir que, na década de 80, o nome de Andrew Lloyd Webber aparece associado ao êxito comercial do teatro da época. Webber concretizou eficazmente a apresentação dos seus musicais em teatros comerciais com efeitos especiais concebidos para uma só produção. Desta forma, as suas obras – Cats e Starlight Express – alcançaram grandes sucessos, tornando-se êxitos duradouros.

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